sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O ÍNDIO E A PREGUIÇA

Eu não vou falar do preconceito histórico que os povos indígenas brasileiros sofreram e sofrem, índio não é preguiçoso! Foram os ingleses e sua revolução industrial que nos convenceram a trabalharmos muitas e muitas horas por dia, termos hora de entrar na fábrica (porque já tinha o maldito relógio naquela época), tirar folga no dia em que o patrão mandasse e não no dia que estivéssemos com vontade. Enfim, esta m. toda que conhecemos.

Não, eu vou falar de outra preguiça, daquele ameaçado de extinção, bonitinho, fofinho, lerdinho e animal de estimação...

Como assim? Pode? Parece que sim, pelo menos para os índios.

Estávamos indo de Trancoso para Curuípe, mortos de sede, e já sabendo que tinha uma preguiça mansa em um bar da estrada, porque alguém de Trancoso havia comentado... 

Eu pensei que alguém salvou um exemplar que quase morreu atacado por cachorros, ou quase morreu atropelado, ou se machucou por outro motivo e aí a boa alma decidiu cuidar do bichano. E chegando lá enquanto mato minha sede acho de cara a preguiça no colo de  uma criança: -Oh que bunitim! Posso tirar uma foto sua? Posso passar a mão no bichinho? Aquelas coisas...

Só que aí chegou outra criança com outra preguiça, e outra, e outra. Como assim??? Ah  e tinha uma menina com um Jabuti! Ok, o que significa isso? 

Sabe o que eles fizeram depois? Sabem? Vou escrever o coro uníssono das crianças.

- AGORA TEM QUE DAR DINHEEEEIRO!

É? Tá...Dei dinheiro fazer o que?
Fui perguntar com todo jeitinho do mundo... Que m. era aquela pra dona do bar...

Pelo que pude entender eles realmente pegam os bichos na mata e levam pra casa-cabana-aldeia-sei-lá como bicho de estimação.

E se cada criança-índio tem uma como parece... NÃO VAI SOBRAR NENHUMA MESMO NA FLORESTA!!!

Prestenção na situação...

Eu estou exagerando???

E tinha esta com filhote...

Eu fiquei muito indignada e acabei me sentindo envergonhada de ter feito as fotos e de ter dado dinheiro...Mas fiquei totalmente sem ação. 

E não é assim mesmo que vamos dar o devido valor as nações indígenas...
Fico azeda só de lembrar disso...
...
...

A Lei nº 11.645/08  alterou a Lei nº 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino sobre a história e a cultura afrobrasileiras nos currículos do ensino fundamental e médio, para incluir na mesma exigência os conteúdos sobre a história e a cultura indígenas. Demorou hein??? Como um brasileiro médio-urbano deixa a escola sem saber um nada sobre nossas tribos???



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Curuípe ou PRAIA DO ESPELHO.

Para chegarmos à Curuípe saímos de Trancoso por uma estrada de chão de 19km com paisagens lindas, digna de Terra Média.  Inevitável parar e perder um bom tempo tirando fotos.

Estrada Trancoso - Curuípe - Fazenda de Búfalos.



Habitantes das paisagens.

E finalmente chegamos! Eu já não me aguentava mais de ansiedade! Afinal, segundo o Guia 4Rodas a praia está entre as 10 mais do país. E ela é linda mesmo! Na verdade, o nome do lugar é Curuípe, que era o nome da Fazenda que havia lá, Praia do Espelho é bem mais recente, marketing do pessoal das pousadas. Então ao invés de eu tentar dizer o nomes de um monte de micro praias que tem para lá e para cá é melhor simplificar e chamar tudo de Curuípe. Você pode andar tudo a pé... Se for para o Sul vai se assustar com uma placa apontando para Caraíva (e eu fiz questão de andar até lá, na placa)  se for para o Norte vai andar até ficar com medo ( eu não sei precisar, mas andei um monte...).





Se você animar...


Continuando, chegamos.  Estacionamos em uma propriedade privada que não tem erro...Todo mundo estaciona lá. Fica no alto da falésia, e nada de ver praia até então. Buscamos informações sobre hospedagem e a dona do estacionamento está montando uns quartos, eu não gostei... E não tem ar... Enfim, ela nos recomendou andarmos pela praia e consultarmos as pousadas.


Vimos tudo muito caro, muito caro. Conseguimos um lugar legal no Recanto do Espelho, com água de coco de boas vindas, tapioca, canjica e cuscuz no café da manhã... Tudo de bom... E buscamos o carro lá longe para estacionarmos em frente à pousada.

A opção de almoço e jantar é comer na pousada...Ou na pousada do lado...Ou na do outro lado... Eu reclamei de ter pago R$5,00 na Bohemia em Corumbau, pois sim, paguei R$5,00 de novo, na Long Neck!!!! Não falo mais nada a respeito...



Então, a praia está bem inflacionada com esta lista das 10+, e várias pessoas chegam de van ou de lancha apenas para passar o dia, inclusive os farofeiros do ClubMed (eu adorei falar isso, adorei, adorei rsrs, precisava escrever isso também rsrs) que chegam lá pelas 11 da manhã e voltam as 16hs  lotando os restaurantes das pousadas, aportando suas lanchas perto da margem (que raiva!) e pouco respeitando as bandeirinhas que avisam para não pisar nos corais (que raiva!!) 

Uma pena para eles... O mais bonito eles perderam. Aliás, o que faz a Praia do Espelho ser Espelho é o nascer do sol... e o pôr do sol... E pelo que me falaram, a lua cheia (está fica para próxima). A maré baixa e o reflexo da Lua, ou do Sol,  criam o espetáculo.



Curuípe e Espelho  bem cedinho e só pra mim!




Os espelhos.


Ficamos duas noites por lá, e valeu muito!  Paisagem maravilhosa, pássaros e até tartarugas no nascer do sol!  
Animou? Não deixe de subir a falésia, há uma trilha perto do condomínio do Outeiro, é só perguntar para alguém da  pousada. 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

TRANCOSO RELÂMPAGO

Fizemos uma passagem relâmpago por Trancoso, dormimos apenas uma noite e conhecemos apenas a Praia do Nativo e o famoso Quadrado (que é um retângulo).


O Quadrado é realmente um charme, lindo, e com várias lojas grifadas com preços para gringo ver. E tem banco (caixa 24 horas BB, Itau e Bradesco)!!!  Infelizmente eu achei a Praia do Nativo um pouco suja (comparada as paradisíacas praias que visitei em Prado), mas é bastante fotogênica, principalmente por causa da cabaninha abandonada.



Praia dos Nativos


Ficamos em uma pousadinha legal chamada Som do Mar, pertinho da Praia dos Nativos.


Pousada Som do Mar


Que mais? Comemos uma pizza gostosa no Pantoka.
E foi isso. Bem rapidinho, doida para chegar a tal Praia do Espelho e Curuípe.
Mas fiz boas fotinhas. :)









Vista do alto do quadrado, cavalinho ao fundo, árvore interessante do Quadrado,  vazante na Praia dos Nativos e Igreja São João Batista.




É um retângulo!!!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PORTO SEGURO, CAPOEIRA, ÍNDIOS E AUSÊNCIA DE AXÉ

Primeiro de tudo, de tudo, de tudo: FELIZ 2010!!!

Só tenho a agradecer pelo meu incrível 2009, agradecer a todos os meus amigos, a todo mundo, todo mundo, todo mundo!!! 
E agora que já quitei minhas dívidas com o Divino (parei de fumar, três meses, eba!!!) posso já pedir uma forcinha para que 2010 seja tão bom, e se possível melhor, que 2009.
E queria falar muita coisa espirituosa... Mas já passou uma semana... E eu nem fiz minha listinha de desejos...
Então vou desejar PAZ INTERIOR para todo mundo, já é um bom começo e já é uma meta bem difícil.
Então eu vou continuar a narrativa...


Post iniciado em Porto Seguro, sábado 21 de novembro de 2009.


Havia se passado muito tempo desde que vi o último adolescente, tanto tempo que levei um choque.  Eram milhares se engalfinhando na piscina, exagero, uns vinte, uns trinta, e a piscina era grande, só que o barulho era imenso, para completar alguma música muito alta de axé tocava no ambiente. Este foi o primeiro hotel que o guia turístico credenciado pela prefeitura nos levou. Um hotel muito bom, com muitos quartos, quase todos lotados, de forma que nos mostraram dois amplos apartamentos de fundos com janela para o nada, mais precisamente uma parede branca. A janela era pequena, achei claustrofóbico e fomos embora.


O segundo hotel era nos mesmos moldes, mas tinha quarto menor e com janela grande,  era o Porto Calém, que tem duas alas por assim dizer, uma da antiga pousada, que agora são os apartamentos mais baratinhos e o outro novinho com piscina com cascata e tudo mais, esta piscina com cascata abrigava exemplares de crianças e adolescentes, mas em quantidade bem menor, e também tocava axé, em volume bem menor,  e os quartos tinham varandinhas de frente para piscina, o que reforçou o meu desejo de ficar na ala pobre do hotel.


Eu estava certa.
Era uma tranquilidade só, silêncio...Fora o ar condicionado barulhento.
Custou 70 dinheiros. 


Para não perder o assunto: Na entrada da cidade há muitos rapazes pulando em cima dos carros oferecendo hospedagem. São cadastrados pela prefeitura, dizem eles, e ganham comissão dos hotéis. Foi um guia desses que nos levou nestes dois que eu descrevi. Ele ia com a motinha na frente e nós íamos seguindo. O problema é que toda vez que pegávamos a tal estrada de entrada eles pulavam na frente do carro... De novo.


Em Porto Seguro eu estava interessada principalmente em História, e lá fomos para o centro histórico, lindo, lindo, bem cuidado, ver o primeiro de tudo no Brasil. Para minha surpresa havia uma tenda com apresentação de capoeira, e eu não iria perder isso por nada. Ficamos lá na tenda, com a pressão um pouco baixa de tanto calor e adorando. Vimos duas vezes. O.o Boas fotos! :)



Sítio histórico da Cidade Alta 



A tenda da Capoeira




Eu e a História! (Eu fico realmente emocionada...snif)


E na tenda...E fora da tenda...Índios. Uns índios muito muito bonitos (acho que o Cacique escolheu à dedo...) vendendo de tudo que é artesanato. Eu sem crise nenhuma comprei vários badulaques de meninas-índias devidamente pintadas que vendiam presilhas de cabelo (praticamente prendiam o nosso cabelo à força e depois cobravam, mas tudo bem). Só depois de algum tempo fiquei me perguntando o que elas estavam fazendo ali... Quero dizer... Aquilo era trabalho infantil, não era? Elas estavam sendo exploradas, não estavam?


Precisei voltar de viagem para abrir um discussão jurídica com uma amiga sobre o assunto, que levou a questão para o professor da pós, que discutiu mais um pouco, e  lá vai... Sobre o Estatuto do Índio e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e, para resumir de vez a questão, concluímos que as crianças índias estão amparadas pelo ECA e, estão sim, sendo exploradas...



Indígenas de Porto Seguro, a sequência de fotos de baixo são todas do Marcelo.


Eu estou sendo muito antipática com os povos indígenas brasileiros???


Mudando de assunto: Lá no Sítio Histórico também tem guias credenciados, tem até uma tabela de preços exposta, para evitar extorsão do turista. Desta vez dispensamos o serviço, eu queria andar devagar, beber minha cerveja e curtir aquela emoção épica.


Fomos até Coroa Vermelha e não achei graça nenhuma.
Não achei graça nenhuma em nenhuma praia porque ainda estava embriagada pelas ermas falésias...
E não queria axé de forma alguma... 


Fomos almoçar em um restaurante-barraca-de-praia-Jamaicano-Português incrível chamado That Shack (ou Jamaica Beach), fica na Praia de Mundaí, 73perto da barraca Toa Toa. Comi basicamente frango, arroz, feijão, batata e banana, mas foi o PF mais maravilhoso da minha vida, um tempero fantástico. Dois PF's, piña colada e coca-cola custou 70 dinheiros.  O preço não foi de PF.


E foi só, passamos duas noites, um pequeno atraso (sob a ótica baiana...aff) na hora de sair tentado consertar, em vão, o ar do carro, e partimos para Trancoso (o atraso nos obrigou a pular Arraial), nem liguei porque já estava em cólicas para chegar à Curuípe.


Então ainda tem mais...
E perdão pelo atraso, o tempo está escasso. Mas eu chego ao  fim desta jornada.